A votação é no outro lado do Atlântico, mas Madrid está tomada de cartazes do presidente do Equador, Rafael Correa, candidato à reeleição.
Explico. Os equatorianos que moram fora do país também votam nas eleições nacionais. E a Espanha é vista com muito interesse pelos candidatos porque aqui vive uma multidão de cerca de 700 mil imigrantes equatorianos.
A fuga em massa começou no fim dos anos 90, quando o Equador estava mergulhado na pior crise econômica de sua história e a cada semana um presidente novo respondia pelo país. Para tentar sair do buraco, o Equador dolarizou sua economia.
Com o desemprego nas alturas, os pobres do país decidiram migrar para outras partes do mundo. Enquanto 13 milhões de equatorianos vivem no território nacional, outros 3 milhões se encontram espalhados pelo planeta. Estão principalmente na Espanha, até pouco tempo atrás (até chegar a tal crise) o Eldorado dos latino-americanos. Aqui são a segunda maior comunidade estrangeira, atrás só dos romenos.
Com o desemprego na Espanha agora nas alturas (mais de 15% da população economicamente ativa), os imigrantes são os que mais sofrem, principalmente os ilegais. Muitos estão tomando o caminho de volta para casa.
Parêntese. Argentinos são bem vistos aqui, uruguaios também, mexicanos idem. Brasileiros, viva a nossa pátria amada, são igualmente recebidos com simpatia. Mas os equatorianos, esses não são bem-vindos. São os que mais sofrem preconceito.
A história é conhecida entre os colegas do programa Balboa. Telefona um equatoriano em resposta a um anúncio de aluga-se apartamento. Não, o apartamento já está alugado. Liga em seguida um argentino em resposta ao mesmíssimo anúncio. Claro, podemos marcar de visitar o apartamento.
Nos dias anteriores à votação de domingo, os candidatos a deputado (o Equador tem a figura do "deputado estrangeiro", que representa os compatriotas que vivem em outros países) fizeram debates públicos em Madrid, participaram de programas de rádio, distribuíram panfletos etc.
Rafael Correa, claro, foi reeleito.
Ricardo põe legenda na foto:
Publicidade eleitoral do presidente Rafael Correa no metrô de Madrid. Ele abraça sua candidata a "deputada estrangeira" para a Europa, Dora Aguirre.
Ricardo conta ao pé do ouvido:
Dora Aguirre me contou que "é necessário melhorar a acolhida dos conterrâneos que voltam para o Equador: eles precisam de ajuda na busca de emprego, menos burocracia na revalidação dos estudos feitos no exterior e facilidade na obtenção de empréstimos".
Ricardo dá o caminho das pedras:
Uma modesta colaboração minha para a imprensa brasileira neste momento tão decisivo para o mundo andino.
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Quem tem medo da cuca?
Há 7 anos
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