Domingo é dia de touradas em Las Ventas.
A plaza de toros de Las Ventas lembra um estádio de futebol: arquibancadas para a plebe e camarotes para os VIPs, vendedores de bebidas para lá e para cá, velhos que enfrentam o assento duro alugando almofadinhas, gritos de ânimo da torcida etc. etc. etc. Porém, um estádio com muita classe, construído em 1931 no mais refinado estilo mourisco.
Soa a corneta, abrem-se os portões e entra o primeiro touro. A multidão vai ao delírio. O touro é preto, tem um par de chifres afiados e parece bastante nervoso.
A corrida começa com uns quatro aprendizes de toureiro provocando o bicho com suas bandeirolas rosadas. Quando o touro responde, eles não toureiam. Simplesmente fogem para trás de umas trincheiras de proteção estrategicamente posicionadas na arena.
Assim, correndo contra um e contra outro, o touro vai perdendo força. Depois, dois desses aprendizes de toureiro tratam de fincar umas espécies de ganchos nas costas do animal. O sangue começa a escorrer. Em certos momentos o animal pára e vira o pescoço como que tentando se livrar dos ganchos.
Mais uma corneta soa. E eis que entra um imponente toureiro montado num cavalo. O montador leva uma lança. A montaria leva uma armadura. E ainda bem que leva uma armadura, porque o touro vai com todos os seus chifres para cima do cavalo. Mais sangue: o touro leva uma lançada certeira no lombo.
Por fim, anunciado pelas mesmas cornetas, surge na arena o toureiro ídolo. Com seu indefectível uniforme colado ao corpo, uma sapatilha meiga nos pés, meia cor-de-rosa, detalhes dourados brilhantes por todo o traje, chapeuzinho napoleônico...
O touro, já combalido, continua furioso e investe contra a capa vermelha. O toureiro faz a festa. Olé! Num dado momento do espetáculo, o toureiro saca uma espada e a crava no animal. Com toda a força. Friamente. Uma presa fácil.
O touro, com a espada enterrada na região do pescoço, ainda avança com violência por alguns segundos, mas logo começa a perder os sentidos. Já está com a língua para fora, exaurido. Vomita sangue. E tomba quase sem vida.
Um dos aprendizes de toureiro avança sobre o animal estirado ao chão e, com a mesma espada, acaba com o resto de vida que sobra. No final, uns cavaleiros aparecem e suas montarias arrastam o touro abatido para fora da arena. A piscina de sangue que sobra é imediatamente coberta com terra.
Eis a glória humana!
Ricardo põe legenda na foto e no vídeo:
Na foto, um monumento aos toureiros e um pedacinho de Las Ventas. No vídeo, cena da corrida de ontem à tarde.
Ricardo conta ao pé do ouvido:
Bandido, o touro da novela, era feliz e não sabia. E, sim, os touros bravos fazem aquele movimento com as patas dianteiras, típico de desenho animado, antes de partir para o ataque.
Ricardo dá o caminho das pedras:
Antes de ser abatido, o primeiro touro de ontem quase venceu seu algoz.
...
Quem tem medo da cuca?
Há 7 anos
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