5 de julho de 2009

Cuidado, filme dublado / Atención, película doblada

Que tal ir ao cinema ver o último blockbuster americano? Cuidado, porque é quase certo que o filme vai estar dublado.

Dublado? Mas é um drama que pode ganhar o Oscar, não um desenho da Disney para crianças...

Não importa. O filme vai estar dublado.

Se quiser ver no idioma original, com legendas, vai ter que procurar um cinema alternativo, circuito cult, gente moderna.

Os espanhóis simplesmente não estão acostumados às legendas. Não gostam de ver a história num idioma que não entendem e ao mesmo tempo ler as falas traduzidas para o espanhol. Não gostam, não conseguem ou não querem.

Nos anos 40, a ditadura do General Francisco Franco baixou uma lei que tornava a dublagem dos filmes estrangeiros obrigatória. Era para conservar a pureza do espanhol? Para nada. Era uma forma bastante eficaz de controlar o conteúdo que chegava do exterior.

A ditadura franquista não gostava de nada que remetesse à democracia e à liberdade ou que ameaçasse a moral católica e os bons costumes.

O exemplo mais clássico (ou trágico ou cômico) é "Mogambo", de 1953, dirigido por John Ford e estrelado por Clark Gable e Grace Kelly. No filme que o mundo inteiro viu, a história gira em torno de uma mulher que trai o marido num safári africano. No filme que só a Espanha viu, as falas transformaram marido e mulher em... irmãos! Assim, nunca houve adultério na versão espanhola. Nada de maus exemplos neste país.

Os nomes de todos os filmes também são traduzidos. Isso, porém, vem de uma tradição mais antiga. Aqui, a rainha Elizabeth da Inglaterra é conhecida como Isabel. O príncipe Charles, Carlos. E os dois filhos dele, os príncipes William e Harry, Guillermo e Enrique.

O pensador alemão Karl Marx é Carlos Marx. A cidade belga de Antuérpia se chama Amberes. Anne Frank, a do diário, virou Ana Frank. E a banda U2, atenção, ganhou o nome de u dos.

Ricardo põe legenda na foto:
Até o Wolverine foi espanholizado.

Ricardo conta ao pé do ouvido:
Como têm tudo mastigadinho na língua materna, os espanhóis não se preocupam em aprender outros idiomas. Aqui, ao contrário do Brasil, não se encontra uma escola de inglês em cada esquina.

Ricardo dá o caminho das pedras:
¿Quién quiere ser millonario? foi o primeiro filme que vi na Espanha. Na entrada do cinema não havia nenhum aviso de que estava dublado. Foi estranho ouvir um menininho indiano gritando coño.
...

4 comentários:

Anônimo disse...

En "Mogambo".....¿De "adulterio" a "incesto"?

Anônimo disse...

Juana Eyre, Pablo Claudel, Orquídea de Santis

Anônimo disse...

Arturo Guy Empey

Anônimo disse...

carlos may, julio verne, juan wells, pedro lotti, jaime cooper